sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Desde de criança o gosto por desenhar as minhas pequenas bonequinhas já estava lá. Ter um lápis e papel nas mão era mais que diversão, era a possibilidade de criar uma historia num universo paralelo, e isso de certa forma era mágico e empolgante. Então os anos passaram e meu passatempo ainda era gastar algumas horas rascunhando e dando vida ara minhas pequenas meninas muito bem vestidas, até noivinhas eu desenhei. A família adorava e me achava super talentosa. Mas eu só gostava mesmo e nem era tão boa assim. 

Preciso dizer que na minha infância e adolescência ainda não havia esse fenômeno que é a internet hoje e a gente vivia num mundo mais restrito aos meios de comunicação convencionais (TV, radio, revista, etc). E então recentemente eu me vi rodeada de tantas informações no mundo das ilustrações e desenhos que foi impossível não se encantar e encher os olhos com tanto talento. Passei a seguir e a conhecer melhor o trabalho de vários ilustradores e claro né a sonhar em ser igual a eles. Então isso se tornou a minha angustia. Toda vez que tentava colocar algo na folha em branco a minha criatividade ia toda por ralo a baixo. Não saía nada, e até uma linha reta era totalmente horrível. E com tudo isso olhar para os desenhos lindos e maravilhosos dos meus top ilustradores já não era só fascinante mas também frustrante, eu não conseguia ser igual a eles, eu de fato não tinha talento!

Imagem: pinterest

Mas e aí o que eu quero dizer com toda essa história? Quero dizer que assim como tudo na vida esse momento "negro" do desenho na minha vida me fez aprender algo valioso. Eu precisei fechar os olhos pros desenhos perfeitos e lindos ao meu redor, esvaziar a minha mente e buscar lá dentro de mim aquelas recordações de crianças. Lembrar do que mais gostava em poder pegar um lápis e desenhar e encontrar lá no fundo o sentindo daqueles traços. O aprendizado de cada nova forma de desenhar, as tentativas e finalmente o resultado esperado era o meu universo encantado. Era isso, sentimentos, diversão, crescimento e expressão. Não era somente ser o cara nas ilustras, ser um super talento ou ser comparada àquele ilustrador incrível. Era o meu eu no papel, meu olhar sobre as coisas e isso importava mais. 

Ilustra: Helen Green

Daí eu cresci e evolui nesse modo de enxergar as coisas. Pude ter uma percepção diferente sobre outras coisas. Quantas vezes precisamos fechar os olhos pro mundo ao redor que quase sempre parece perfeito e encantador (a grama do vizinho é sempre mais verde) e nos esvaziar dos conceitos superficiais que temos, e então aprender a olhar pra dentro, pro nosso interior, nossas motivações. Mergulhar numa busca de auto conhecimento pra que só assim a gente possa entender o verdadeiro sentido das coisas. E claro vale lembrar que nada na vida vem sem esforço, por trás de traços lindos dos ilustradores esta todo um investimento de tempo, trabalho e exercícios. Tudo é um processo, uma caminhada.