"Nada pode doer mais que o vazio de nada sentir." Ilzy Sousa
Uma garota disse baixinho no ouvido da outra de longos cabelos loiros ao lado:
- Quem é ela? Nossa que roupinha fora de moda, e esse cabelo cafona? – alguns risinhos abafados.
A tal garota cafona pôde ouvir o que elas cochichavam, e ainda ver os risinhos delas. Ela usava um jeans já surrado e uma mochila velha nas costas. Folheava seu caderno de cálculos e não se importava muito com os comentários dos outros.
Sentada no banco da pracinha que ficava perto da escola, debaixo de uma árvore com uma sombra acolhedora e refrescante, tomava um refrigerante que caía muito bem àquela hora do dia, com o Sol a pino.
Ao levantar o olhar da leitura que fazia, um livro de romance qualquer, ainda com o canudo da latinha de refrigerante em sua boca, Leandra avistou um vulto que ia se aproximando e aguçava a sua curiosidade, a fez se desligar da sua leitura e preferir ler os seus movimentos que pareciam estar em câmera lenta. De repente o tal vulto para, e com o som da sua risada traz Leandra de volta a realidade, fazendo a garota despertar de um transe. Ela então percebe que já conhece aquele som.
- Oi Lê!! Como anda sua velha mania de ler coisas sem importância ao invés de estar dando risadas com a galera?! – Dito isso, ele sorriu com aquele ar despretensioso.
Eles se conheciam a pelo menos uns dois anos, quando Leandra chegou à escola Estadual Santa Elvira. Ele era do tipo de garoto que tem muitos amigos, várias pessoas ao seu redor. Naturalmente ele sabia chamar a atenção, era engraçado, mas também critico quanto a certas coisas e pessoas.
- Muito engraçado, viu! E pra sua informação tem importância sim! Prefiro minhas leituras à pessoas estúpidas – Disse ela com um tom de brincadeira, referindo-se a ele.
Ela tinha essa mania de ser debochada, e não negava sua paixão por livros, textos e tudo que fazia parte desse mundo mágico. Mas uma coisa que Leandra sabia era distinguir a realidade dos contos que lia, e por isso era uma garota muito lógica e decidida nas suas escolhas.
Ele se aproximou ainda mais, ficou de pé na frente dela e disse em tom de desafio:
- Não finja que está lendo... Pessoas estúpidas né?! Pois bem, vamos dar uma volta hoje e aí você me diz se sou assim como pensa.
Leandra sentiu seu rosto quente e imediatamente sua pele corar. Um carro estacionou na calçado e uma voz de grito se fez ouvir:
- Leandra! Vamos! Era seu pai que já havia chegado. Ela sem reação sequer pôde responder ao convite, disse apenas um “te vejo depois”.
Continua....